Jean Vigo

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Jean Vigo escrito por Paulo Emílio Salles Gomes é uma descoberta. Foi uma descoberta quando escrito em Paris no ano de 1957. Vigo, que morrera em 1934, ainda não era tido como um dos grandes do cinema francês, e a busca de um brasileiro em levantar dados precisos sobre o cineasta que produziu três longas e morreu antes dos trinta anos chamou a atenção da crítica especializada.

André Bazin, o grande crítico e líder da geração que formaria mais tarde a Nouvelle Vague, escreveu “Com um amor só igualado por sua paciência e erudição, Paulo Emílio Salles Gomes, responsável pela Cinemateca de São Paulo, escreveu sobre Jean Vigo uma obra que eu qualificaria de exemplar.

O livro serve para revelar dois grandes amantes do cinema, Jean Vigo e o próprio Paulo Emílio. Lançado em Paris e traduzido para o inglês em 1971 pela Universidade da Califórnia, só chegou ao Brasil em 1984, quase trinta anos depois de publicado na França.

Quando perguntado pela demora na publicação nacional de uma de suas maiores obras Paulo dizia “Não sei se Jean Vigo terá aqui o mesmo interesse.” Como não se interessar pelo cineasta que é citado nas memórias de Jean Renoir, Luís Buñuel e François Truffaut?

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Depois de ler o trabalho de Paulo Emílio escrito em 1957 podemos ter a certeza que a obra continua atual e intacta. Tanto Vigo quanto o livro. Jean Vigo morreu pobre e tendo seu terceiro e último filme mutilado pelos produtores. Somente depois da guerra, na década de 50, L’ Atalante é relançado com quase todo o material que Vigo montou.

De seus três filmes principais todos tiveram problemas. O primeiro A Propos de Nice (1929) sofreu com a produção, a falta de apoio e com o pouco interesse por parte da crítica, o segundo Zéro de Conduite (1933) foi censurado na estréia e antes disso Jean teve sérios atritos com o estúdio co-produtor a Gaumont-Franco-Film.

L’ Atalante nasceu dentro do medo. Poucos acreditavam nele e ter um filme censurado abalou a confiança dos produtores em Vigo. Antes de morrer Jean Vigo dizia que L’ Atalante era o responsável por sua doença. Vigo que sempre teve uma saúde fraca se submeteu a um verdadeiro martírio para concluir o filme e chegou a filmar com trinta e oito graus, febril, embaixo da neve.

Cena de Zéro de Conduite

Cena de Zéro de Conduite

Jean Vigo faleu em 5 de outubro de 1934 e seu filme cortado, mutilado e transformado no fracasso Le Chaland qui passe parece ter morrido junto com ele. Somente nas décadas de 50 e 60, o nome de Jean Vigo iria ressurgir na França, na Europa e até na América. Paulo Emílio afirma:

O lugar ocupado por Vigo no cinema francês é extraordinário. A lista de cineastas franceses cujas obras – sem levar em conta sua significação momentânea ou seu interesse histórico – constituem por seu valor permanente, uma contribuição à cultura cinematográfica (Méliès, Cohl, Linder, Gance, Clair, Renoir e Vigo) é curta e poderia ainda ser reduzida. Se, com rigor exagerado, reduzíssemos esta lista a quatro nomes, o de Vigo nela permaneceria. A obra principal de Vigo, situada entre Le Million e La Règle du Jeu, domina, com a de Renoir e Clair, o cinema francês moderno, isto é, o dos anos trinta.

Cena de Zéro de Conduite

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